segunda-feira, 19 de agosto de 2013

ESOTÉRICA FRAGILIDADE DA FORTALEZA

—Sapos e sapas são diferentes!
—Quem não sabe, Rospo!?
—Mas tem quem pense que sejam iguais. São bem diferentes. Entretanto, a igualdade está nos quereres, no desejo, no pensamento que pode convergir para a mesma visão de justiça e de necessidade da igualdade social. A diferença não interfere na igualdade.
—Rospo, sei o que está dizendo: socialmente a igualdade é um rogo de séculos e séculos amém, porém, tudo que é almejado só se consegue com luta, sempre foi assim. E as sapas conseguiram seus espaços na sociedade patriarcal com muito sofrimento e muita gana. Mas fale das diferenças que são "óbvias!"...
—O estímulo visual é predominante no sapo, não é?
—Eu não sou sapo, Rospo!
—Mas é uma sapa antenada.
—Estímulo visual? Ainda bem!
—Olhar para sapa não é apenas um hábito, digamos, cultural, é natureza.
—Claro, entendo. Só podia ser dessa forma, a sapa é bonita, linda, sempre. E não se esqueça de que a sapa também sabe olhar para o belo. Mas você está com algum motivo pra falar isso?
—Não exatamente. Só sei que desde que a bonitinha apareceu no planeta o sapo puxou os olhos. Pior foi a cantada do machismo. Aquela história do sexo frágil. Uma balela, não é? Faz parte do tal "acervo cultural"...
—Traduza-se como "acervo patriarcal"...
—Coisa mais antiga: confundir gostosura com fragilidade....
—Rospo! Como disse uma sapa: "Ocê é bobo ou quer um conto?"
—Conheço!
—Rospo, estou com saudades das tiras... O lápis de cor faz bem pra minha alma de jardineira.
—Metalinguagem.
—Rospo, por que esse assunto da sapa hoje?
—Não tem um motivo específico. Mas vamos combinar algo?
—Está combinado!
—Nem falei!
—Precisa, não é? Então diga.
—Algumas coisas são essenciais em nossa vida. Uma delas, o silêncio.
—Sim, o silêncio escolhido, o silêncio procurado. Esse silêncio é o necessitado.
Rospo, faz tanto tempo!...
—É mesmo, Sapabela?
—Seu bobão. Estou falando da Magnólia.
—É mesmo... E eu brincando com o ser brincante...
—A Magnólia e o licor de anis.
—Yupiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!
—Aprendi por conta minha, nos arredores por onde andei, com minha alma de cigana, que há em mim uma fragilidade que é feita de fragmentos de fortalezas...E estou na Poesia, pois ela é de minha própria paixão, pela vida, que desde menininha aprendi a tecer.
—Meu anjo...
—Gostei, Rospo!
—Você será a eterna sedução da fragilidade esotérica da força lunar. Feliz o sapo que compreende que nessa fragilidade está a força mais sincera que move a vida, faz a vida ser um mundo.
—Rospo, chegamos, aqui é o meu portão.
—Portão, qual a sua rima?
—Precisamos nos despedir.
—Precisamos nos encontrar, sempre.
—Sim, mas que também nos encontre a Magnólia e o licor de anis.
—Yupiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!


ROSPO 2103 — 890
Marciano Vasques

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Pesquisar neste blog